segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dogma da Imaculada Conceição

Escrito por Hélio Maria, inútil Escravo de Maria Santíssima

         Aquela que seria a Mãe de Deus teria que ser uma mulher sem mancha, teria que ser santa, sem pecado. Por isso a Igreja em 1854 por meio do Papa Pio IX proclamou como dogma de fé a Imaculada Conceição de Maria Santíssima, não que Nossa Senhora passou a ser Imaculada a partir desta data. Aqui a Igreja, somente declara esta grande verdade. Assim afirmou o Papa Pio IX (CIC, § 491):

A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda macha do pecado original. Esta santidade resplandecente, absolutamente única da qual Maria é enriquecida desde o primeiro instante de sua conceição lhe vem inteiramente de Cristo (CIC, 491).

         A Igreja vê na Anunciação do anjo a expressão “cheia de graça”[1] como fundamento do dogma da Imaculada, pois, uma pessoa que está cheia, transbordante, não tem espaço para o pecado. Se a promessa de restauração de Gn 3, 15 “Porei hostilidade entre ti e a mulher” se cumpre na vida de Maria Santíssima que é a nova Eva, como então ela pecou, ou como ela é uma mulher pecadora já que existe uma hostilidade entre ela e o demônio? Em outras traduções está escrito que Deus colocou inimizade[2]. Maria Santíssima é inimiga do demônio, e por ser inimiga do demônio logo não pode pecar porque todo “aquele que peca é do demônio” (cf. I Jo, 3, 8).

         Maria Santíssima não podia ser uma mulher pecadora, pois por meio dela devia nascer o Santo dos Santos. Dela nasceria aquele que é o oposto do demônio. O Apostolo Paulo chega a perguntar “Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial?”[3] (cf. II Cor 6, 15). Não existe nenhuma compatibilidade entre Jesus Cristo e o demônio, logo também não poderia haver nenhuma união entre a Virgem Maria e ele.

         Dessa forma São Cirilo de Alexandria pergunta: “Que arquiteto, erguendo para si uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?” (MA, pg. 17)[4]. É a Virgem Maria esta casa de moradia erguida por Deus, visto que Ele morou por nove meses no ventre dela. Agora como que Ele iria permitir que seu inimigo possuísse a sua moradia? É claro que não.

         A Igreja ensina no CIC § 404 que:

O gênero humano inteiro é em Adão como que um só como de um só homem. Em virtude desta união do gênero humano, todos os homens estão implicados no pecado de Adão.

         O pecado original de Adão e Eva foi transmitido a todo gênero humano porque como ensina a Igreja, todo o homem é como que um só corpo com ele. Por isso, Maria Santíssima não poderia ser uma mulher pecadora visto que gerou Deus. 

         Diz Santo Afonso Maria de Ligório (MA, p. 15):

Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo, absolutamente não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como sua amiga, toda Imaculada.

         Maria Santíssima tinha de ser Imaculada desde sua conceição. Infelizmente algumas pessoas duvidam desta grande verdade de fé que é o dogma da Imaculada conceição de Maria Santíssima. Duvidam que Maria Santíssima tenha vindo ao mundo sem o pecado original. Nesta dúvida tem-se um lindo esclarecimento de S. Anselmo “Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?” (MA, pg. 16).

         Logo no inicio da história da defesa da Imaculada Conceição, surge vários teólogos, entre eles tem-se a figura de Eadmer (DM, pg. 603)[5].

Não podia (Deus) porventura conferir a um corpo humano... a possibilidade de permanecer livre de toda picada de espinhos, mesmo que houvesse sido concebido em meio  aos aguilhões do  pecado? É claro que podia e queria fazê-lo; se o quis, ele o fez.

         Demorou muito tempo para ser definido o dogma da Imaculada Conceição, até mesmo porque na época ainda não havia uma compreensão como a de hoje a respeito do pecado original. Não se sabia dizer de qual consequência do pecado a Virgem Maria havida sido preservada. Neste período de incompreensão do dogma da Imaculada surge também a figura do franciscano Duns Scotus[6] que respondeu na época a grande duvida de que se Maria Santíssima não fosse Imaculada desde sua conceição então estaria ela fora do plano salvífico do Pai.

         Duns Scotus responde que Maria Santíssima foi remida por Jesus de maneira antecipada por causa da sua função na historia da salvação, isto é, de ser a Mãe do Salvador. Nesta mesma linha de pensamento temos a figura de S. Bernardinho de Sena:

Jesus veio para salvar a todos, inclusive Maria. Contudo, há dois modos de remir: levantando o decaído ou preservando-o da queda. Este modo Deus aplicou a Maria (MA, pg. 17).

         Pergunta Santo Anselmo: “Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria? (MA, pg. 16).
Enfim, por meio destas afirmações a Igreja chegou à conclusão que realmente Maria Santíssima é Imaculada. Porque aquela que deveria ser a Mãe de Deus não poderia ser pecadora.


[1] Lc 1, 28.
[2] Tradução da bíblia Ave-Maria.
[3] Belial: Sinônimo de Satanás.
[4] MA – Livro - A mulher do Apocalipse – Prof. Felipe Aquino.
[5] Segundo o Dicionário de Mariologia uns dos primeiro teólogos e que continua sendo a defender a questão da Imaculada Conceição de Maria Santíssima foi Eadmer.
[6] O argumento de Duns Scotus salienta o fato de que a imaculada conceição não é uma exceção à redenção de Cristo, mas um caso de ação salvífica perfeita e mais eficaz do único mediador (DM, pg. 603).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ajude a Missão do Hélio Maria, ele vive da Providência:

Caixa Econômica - Poupança

AGÊNCIA:
3189

CONTA:
4492-9

OPERAÇÃO: 013

Hélio Fernandes Feitosa