sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Mediação da Virgem Santíssima

Muitos católicos hoje, no desejo de se mostrarem mais próximos das denominações protestantes, acabam, de forma consciente ou não, distorcendo a teologia da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Um conhecido e respeitado sacerdote cujo nome não considero necessário expor aqui, escreveu a alguns meses atrás:

“Não tem que ser tudo por Maria. Se fosse assim Jesus não teria ensinado o “Pai Nosso” lá Ele manda falar diretamente com o Pai. E também diz que se deve pedir no nome Dele. Em nenhum lugar está escrito que deus concede tudo por meio de Maria, ou que devemos sempre falar no nome dela. No de Jesus, sim! Eu disse que há católicos que negam o lugar de Maria como a mais excelente seguidora de Jesus e a primeira cristã; mas também há católicos que de tal maneira a exaltam que exageram seu papel. Eu disse que pode haver Maria de mais e Maria de menos nas igrejas.

“Tais palavras deste sacerdote se contrapõe aos ensinamentos dos dois maiores teólogos católicos que escreveram à respeito da Virgem Santíssima. Falo aqui de Santo Afonso Maria de Ligório (doutor da Santa Igreja) e São Luiz Maria Montfort (autor do famoso Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem).

Santo Afonso Maria de Ligório, à respeito da Mediação da Virgem Santíssima, escreveu : “Que seja Jesus Cristo o único Mediador de justiça, a reconciliar-nos com Deus, pelos seus merecimentos, quem o nega? Não obstante isto, compraz-se Deus em conceder-nos suas graças pela intercessão dos santos e especialmente de Maria, sua Mãe, a quem tanto deseja Jesus ver amada e honrada. (…) O que, porém, temos em vistas provar é que esta intercessão é também necessária à nossa salvação. Necessária sim, não absoluta, mas moralmente falando, como deve ser. A origem desta necessidade está na própria Vontade de Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos dispensa. (…) Querendo exaltá-la de um modo extraordinário, determinou por isso o Senhor que por suas mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as mercês dispensadas às almas remidas. (…) Não há dúvida, confessamos que Jesus Cristo é o único medianeiro de justiça, porque por seus méritos nos obtém a graça e a salvação. Mas ajuntamos que Maria é medianeira de graças, e como tal pede por nós em nome de Jesus Cristo e tudo nos alcança pelos méritos dele. Assim, pois, a intercessão de Maria, devemos de fato, todas as graças que solicitamos. (…) Assim o demônio envida todos os esforços para acabar com a devoção a Mãe de Deus nas almas. Pois, cortado esse canal de graças, muito fácil lhe torna a conquista.” (Glória de Maria, cap. V) E acrescenta: “É impossível a tão benigna Rainha ver a necessidade de uma alma, sem ir em seu auxílio. Esta grande compaixão de Maria para com nossas misérias a leva a nos socorrer e consolar, mesmo quando não a invocamos. É o que mostrou durante sua vida, nas bodas de Caná. (…) Se Maria é tão pronta em ajudar, mesmo sem ser rogada, quanto mais o será para consolar que a invoca e a chama em seu auxílio?” (“Glórias de Maria”, cap. IV)

São Luiz Montfort confirma isso dizendo: “Dom nenhum é concedido aos homens que não passem por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria, e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo aquela que em toda a vida quis ser pobre, humilde, e escondida até o nada.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 25) “Nosso Senhor é nosso advogado e medianeiro de redenção junto de Deus Pai; é por intermédio Dele que devemos rezar. (…) Temos necessidade de um medianeiro junto do Medianeiro por excelência, e Maria Santíssima é a única capaz de exercer essa função admirável. Por ela Jesus veio a nós, e por ela devemos ir a Ele. Se receamos ir diretamente a Jesus Cristo Deus, em vista da sua grandeza infinita, ou por causa da nossa baixeza, ou, ainda, devido a nossos pecados, imploremos afoitamente o auxílio e a intercessão de Maria nossa Mãe. (…) Temos três degraus a subir para chegar a Deus: o primeiro, mais próximo de nós e mais conforme a nossa capacidade, é Maria; o segundo é Jesus Cristo; e o terceiro é Deus Pai. Para ir a Jesus é preciso ir a Maria, pois ela é a medianeira de intercessão. Para chegar ao Pai eterno é preciso ir a Jesus, que é nosso medianeiro de redenção.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 83-86)

Outros santos doutores da Igreja e Papas também confirmam isso: “O Filho atenderá Sua Mãe e o Eterno Pai ouvirá Seu próprio Filho: eis o fundamento de toda a nossa esperança.” (São Pedro Canísio, século XVI, santo doutor da Igreja) “Todos os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça, descem para o corpo, passam por Maria que é como a coluna desse Corpo Místico.” (São Roberto Belarmino, século XVI, bispo e santo doutor da Igreja) “Toda a graça concedida ao mundo segue esta tríplice gradação: de Deus a Jesus cristo, de Jesus Cristo à Santíssima Vrigem, da Santíssima Virgem aos homens: tal é a ordem maravilhosa de sua disposição.” (Papa Leão XIII, 1891, na encícica Octobri Mense)

Como não lembrar aqui do que São Luiz Maria Montfort escreveu à respeito do que ele chama de “devotos escrupulosos”? Assim ele escreve: “Os devotos escrupulosos são aqueles que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe, e rebaixá-lo se a exaltarem demais. Não podem suportar que se repitam à Santíssima Virgem aqueles louvores justíssimos que lhes teceram os Santos Padres; não suportam sem desgosto que a multidão ajoelhada aos pés de Maria seja maior que ante o altar do Santíssimo Sacramento, como se fossem antagônicos, e como se os que rezam à Santíssima Virgem não rezassem a Jesus Cristo por meio dela. Não querem que se fale tão frequentemente da Santíssima Virgem, nem que se recorra tantas vezes a ela. Algumas frases eles a repetem a cada momento: “Pra que tantos terços, tantas confrarias e devoções exteriores à Santíssima Virgem? Vai nisso muito de ignorância! É fazer da religião uma palhaçada. Falei-me, sim, dos que são devotos de Jesus Cristo; cumpre recorrer a Jesus Cristo, pois é ele o único medianeiro; é preciso pregar a Jesus Cristo, isto sim é sólido!” Em certo sentido é verdade o que eles dizem. Mas, pela aplicação que lhes dão, é bem perigoso e constitui uma cilada sutil do maligno, sob o pretexto de um bem maior, pois nunca se há de honrar mais a Jesus Cristo do que honrando a Santíssima Virgem, desde de que a honra que se preste a Maria não tenha outro fim do que honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, e que só se vai a ela como ao caminho para atingir o termo que é Jesus Cristo.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 94) Palavras que recebem uma confirmação do saudoso Papa João Paulo II, quando afirma: “Num primeiro tempo tinha-me parecido que deveria afastar-me um pouco da devocação mariana da infância, a favor do cristocentrismo. Graças a S. Luis Grignion de Montfort compreendi que a verdadeira devoção à Mãe de Deus é, pelo contrário, cristocêntrica.” (“Cruzando o limiar da esperança”).

Seguindo o mesmo caminho de Santo Afonso Maria de Ligório, São Luiz Maria Montfort, Papa João Paulo II e tantos outros, renuncio a todo escrúpulo em venerar a Virgem Santíssimo, e A venero verdadeiramente como Mãe de Deus e Medianeira de todas graças! Francisco Dockhorn, 28 de agosto de 2006

DOCKHORN, Francisco. A Mediação da Virgem Santíssima. Disponível em: <Reino da Virgem Maria>

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