terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A “Ave Maria” e a “Salve Rainha”

Beato José Allamano


A Ave Maria – A mais excelente oração à Santíssima Virgem é, por certo, a Ave Maria. Isto resulta de sua natureza, do ensinamento da Igreja e do santos, dos benefícios que ela traz.

Quem compôs a Ave Maria? A primeira parte foi o arcanjo Gabriel: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1, 28). Gabriel não falou assim casualmente, nem por própria conta, mas por ordem do Pai Eterno. Depois concorreu Santa Isabel com estas palavras: “Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre” (Lc 1, 42). Disse isto sob a inspiração do Espírito Santo, como expressamente observa o evangelista. A segunda parte da Ave Maria foi acrescentada pela Igreja, também ela iluminada pelo Espírito Santo.

É uma oração excelente pela estima que a Igreja lhe devota, pois no-la faz rezar! Rezamo-la nas orações da manhã e da noite; três vezes no Ângelus da manhã, do meio dia, da tarde; 50 vezes no terço e 150 por aqueles que recitam o rosário completo (naquele tempo não havia o mistério luminoso). Quantas vezes, portanto, a rezamos num dia, num mês, num ano! Quantas Ave Marias durante toda a nossa vida! Ora, se a Igreja no-la faz rezar tão frequentemente, é prova de que lhe devota grande estima.

A excelência da Ave Maria é comprovada, além disso, pelos resultados que produz, isto é, pelas graças que se alcançam por seu intermédio. São Boaventura afirma: “Maria nos saúda de bom grado com alguma graça, se nós, de bom grado, a saudamos com a Ave Maria”. Santo Afonso declara: quem saúda Nossa Senhora, é saudado por ela. Foi o que aconteceu um dia a São Bernardo, visivelmente; tendo-a ele saudado, como de costume, com as palavras: “Ave Maria!”, ouviu esta resposta: “Ave, Bernardo!”. Santo Afonso acrescenta: com esta saudação proporcionas a Nossa Senhora, de certa qual forma, a alegria que ela experimentou no momento da anunciação.
Façamos o propósito de rezá-la sempre bem, fazendo nossos os sentimentos do Anjo e de Santa Isabel na primeira parte, e os da Igreja na segunda. Vós, sobretudo, que vos preparais ao sacerdócio, rezai-a fervorosamente, para alcançardes duas graças particulares: a pureza e a correspondência à vocação. Quem quiser ter certeza de vencer as tentações impuras, recorra frequentemente a Nossa Senhora. O Bem-aventurado Alano Afirma: “O demônio foge quando dizemos: Ave, Maria!”.

É preciso recorrer a Nossa Senhora para alcançar a graça da correspondência à vocação. Ela não vos dará tão somente as virtudes necessárias, mas também a ciência. Conforme se conta, foi isso que ela fez com Santo Alberto Magno: no começo, o santo encontrava dificuldade nos estudos e sentia-se tentado a abandonar o convento; mas recorrendo depois a Nossa Senhora, obteve tanta ciência, que chegou a ser tornar professor de Santo Tomás de Aquino.

Toda vez que rezamos a Ave Maria, deveríamos fazê-lo com tal entusiasmo, que o coração nos fugisse do peito! Quando parece que Nossa Senhora não nos olha, sacudamo-la com uma Ave Maria! Um dia a Santíssima Virgem prometeu a Santa Gertrudes que lhe teria concedido tantos favores em ponto de morte, quantas Ave Marias, se a rezássemos com entusiasmo, ao invés de dizê-la apressadamente, nos deteríamos a meditar cada palavra.

A Salve Rainha – Depois da Ave Maria, a oração mais bonita e útil é a Salve Rainha. Foi composta provavelmente pelo monge Ermano Contrato. Santo Afonso a demonina: “Oração devotíssima, na qual se encontram admiravelmente descritos o poder e a misericórdia da Santíssima Virgem”. As glórias de Maria – o áureo livro que ele escreveu – são, substancialmente, um comentário da Salve Rainha. São Boaventura faz um linda paráfrase da Salve Rainha, que constitui as lições do nosso ofício da Santíssima Consolata. Mais ainda: a Igreja a aprovou e prescreveu na conclusão do ofício divino, da festa da Santíssima Trindade ao Advento.

Esta oração se compõe de três partes. A primeira está contida nas palavras: “Salve Rainha, Mãe de misericória, Vida doçura, esperança nossa, Salve!” É uma espécie de proêmio, no qual se apela ao coração de Maria Santíssima, invocando-a com cinco títulos honoríficos. Destes, os primeiros dois: “Rainha” e “Mãe”, lhe convém por propriedade, como afirmam os teólogos. Nossa Senhora é Rainha: porque é Filha, Mãe e Esposa do Rei dos reis; e quantas vezes, na ladainha, a invocamos com este título! Assim tombém Maria é nossa verdadeira Mãe, Mãe que nos foi dada por Jesus Cristo. “É Mãe de misericórdia, para nos favorecer e aplacar a ira do seu divino Filho”. Os outros três títulos lhe são devidos por apropriação. A nossa verdadeira vida, douçura e esperança é Jesus; porém, Nossa Senhora participa, porque é Mãe de Jesus, e, por vontade de Deus, dispensadora de todas as graças.

A segunda parte vai até ás palvras: “E depois deste desterro mostrai-nos...” É como o corpo da síplica, uma exposição das necessidades da alma. Na primeira parte preparamos a súplica; na segunda a expomos, isto é, dizemos a Nossa Senhora que nos ajuda neste vale de lágrimas, que nos  socorra nas nossas tribulações, que se faça nossa Advogada junto do seu Filho divino, para nos alcançar as graças necessárias nesta vida e podermos um dia ver e gozar do fruto bendito do seu ventre, Jesus!...

Uma vez, São José Cafasso confiou a um condenado à morte certo recado, para que o levasse sem demora à Santíssima Virgem.
− Mas, não me apresentarei primeiro a Nosso Senhor? – perguntou o criminoso convertido.
− Não – respondeu-lhe o santo – primeiro irás ter com Nossa Senhora, porque é ela a encarregada da comissão.
Segue depois a terceira parte, que é como a peroração, para mover Nossa Senhora a escultar-nos: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria!” Conta-se que estas palavras finais ter-se-iam originado do seguinte fato: numa Igreja cantava-se a Salve Rainha e, quando o canto chegou ao fim, São Bernardo, que estava presente, ergueu a voz e exclamou: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria!” Era um santo; e o povo repetiu tais palavras, acrescentando-as à Salve Rainha. A invocação “Fazei-me digno de vos louvar”, etc., é um versículo acrescentado.

Os santos eram enamorados desta oração, como da Ave Maria. Procuremos, portanto, rezá-la fervorosamente, refletindo no significado. Não digo que seja necessário meditar palavra por palavra, “mas quando se pensa no que se reza, os sentimentos jorram espontâneoas”. Saibamos tirar bom proveito destas orações e dos sentimentos que as compõem; assim não nos parecerão longas, mas rezálas-emos com fervor e obteremos graças mais copiosas.

Por Hélio Maria, inútil Escravo de Maria Santíssima

Fonte: Livro – Vida Espiritual – Beato José Allamano, pg. 526 – 528.

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